Posted by : DJ. MARCINHO ALBUQUERQUE terça-feira, 10 de março de 2015

Inezita Barroso fez a ponte entre a cultura rural e a urbana 

 

A paulistana Inezita Barroso deixou um legado importante para quem aprecia, produz e estuda a cultura brasileira: o diálogo entres imaginários urbano e rural do país. A cantora, pesquisadora, atriz e apresentadora de televisão nasceu em 1925 na capital paulista, mas encontrou sua verdadeira paixão ao visitar a fazenda dos tios no interior de São Paulo. Foi lá que a menina se encantou pela música caipira. Os trabalhadores do local mostraram a ela as modas de viola.
 
"Muito do que a gente lembra dela está associado ao que fez durante últimos 35 anos, ao programa ‘Viola, minha viola', da TV Cultura, mas é importante lembrar que ela resgatou músicas do país inteiro, do nordeste ao sul, e fez ponte entre Brasil rural e urbano", afirma Guilherme Alpendre, amigo de Inezita e diretor do documentário "Inezita Barroso – a voz e a viola".
 
Alpendre lembra que Inezita sempre foi uma pessoa generosa, que não trabalhava apenas por dinheiro ou interesses próprios, mas por acreditar que o que fazia era em defesa da cultura do país. Com uma curiosidade intelectual imensa, ela pegou um Jipe em 1956 e rodou cidades do interior do estado de São Paulo, indo até a Bahia. Fez um trabalho de antropóloga e também de estudiosa musical ao recolher manifestações folclóricas. Montou assim um arquivo pessoal impressionante sobre a cultura do interior.
 
O início da carreira não foi fácil. A longa trajetória profissional teve início na infância, quando teve contato com um dos grandes mestres brasileiros da música caipira, Raul Torres. Inezita teve de aprender a tocar viola escondida, por ser considerado um instrumento masculino. Aos 11 anos, o pai vê o talento e o interesse da filha pela música e a matricula no conservatório para piano. Porém, entre 15 e 16 anos, a mãe Inês Aranha de Lima só permite que ela cante na igreja.
 
Determinada, Inezita escapa das proibições e consegue cantar nos serões, que ocorrem no bairro onde mora em São Paulo. Apesar do preconceito, também consegue comprar sua própria viola. "Enquanto mulher foi grande pioneira, quebradora de tabus e vencedoras de preconceitos. Foi uma heroína em vencer preconceitos de gêneros", avalia Guilherme Alpendre.

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